O Mundo-Mac



Neste alvorecer do século 21, a cultura brasileira atravessa um mau momento. Os brasileiros percebem isto, mas não vocalizam, enquanto poucos intelectuais escrevem sobre a questão. A sociedade até parece estar escondendo de si mesma o fenômeno. Talvez porque há sempre um escândalo do ar: uma prisão espetacular de criminosos expostos no noticiário das oito na TV; o banqueiro que sempre escapa com a conivência de altas figuras do poder judiciário ou o namoro de uma figurinha saída do Big Brother e subitamente famosa pelas medidas de seus seios e quadris que por sua massa cinzenta. Há tantas coisas anódinas à nossa volta que a perdidas e felizes como ruminantes, pastando no coxo do trivial e do sensacional. Mas o Brasil vai bem, dirão alguns, a está atravessando a crise financeira mundial em boa forma, preservando suas conquistas sociais e econômicas. No caso Brasileiros, há outras razões pra celebrar avanços, mas os dados estão deliberadamente confusos, toldados pela filosofia de uma era que o cientista político norte-americano Benjamim Barber, chamou o Mundo-Mac (Mac-World), ou seja, um estilo de vida regida pelo consumismo corporativo que só tem como objetivo o lucro. Basta não cair no sono nos intervalos comerciais das TVs para perceber a vitalidade de tal cultura do cartão de crédito: notem os comerciais de carros, de calçados esportivos, de refrigerante, de pasta de dente (os comerciais feitos pelos paulistas nunca passam no Brasil, mas numa Miami idealizada), como seus jovens e malhados modelos sorridentes em crepúsculos coloridos e paisagens pasteurizadas por filtros. Outros críticos desse modo de vida letárgico e decadente, Robert Kaplan, afirma em uns dos seus livros, que a cultura consumista é a ponta do iceberg de uma ologarquia corporativa que rapidamente está manietando as sociedades democráticas. E de tal modo esse fenômeno se agrava, que alguns estudiosos, como Thomas Frank no Era das Trevas, afirma “apesar do espocar dos flashes e dos cosmopolitismos desta vida (...) cada vez mais ela é um produto da publicidade corporativa”. Frank prossegue: “A conexão de cada individuo a este abraço morno de entretenimento oligopolizado é a coroação e o triunfo do marketing sobre a indisciplina consciência humana. Não mais conseguimos distancia da cultura do negócio porque não temos mais uma vida, uma história e uma consciência. E aquela está se pondo acima do nosso poder de imaginação porque era hoje se transformou na nossa imaginação, se transformou em nosso poder de evasão, que tudo descreve teoriza e resiste”.
A afirmação de Thomas Frank não é nada fantasiosa, quando sabemos que nos Estados Unidos, corporação como Microsoft e AT&T estão produzindo material didático para crianças de cinco anos de idade. A educação liberal alicerce da democracia burguesa clássica, deixa de ser tornar pública para se tornar produto, parte da indústria cultural. Não mais a busca do saber para conhecer, mas o saber como espetáculo. Esta sociedade de consumidores é assombrada pela falta de propósito e pela paranóia. O pior então é a invisibilidade desse sistema. Nesta era de ciberglobalismo o poder não está localizado num espaço geográfico real, está em todos os lugares, na ubiqüidade ontológica de em digitalizado ser de Parmênides. O triunfo do Mac-Mundo, onde todos estão se afogando na hegemonia corporativa, onde a cultura está sendo dissolvida pelos ácidos do brega, do consumismo e do modelo econômico do “consenso” de Washington.

By: Wellington Holanda

1 Comment:

Unknown disse...

Pra início de conversa, eu disse pra eles, mas eles não me ouviram...

Bom, não me sinto chocado com este fato, mesmo porque a sucessão dos fatos que aconteceram e que vêm acontecendo no mundo consequenciaram nesta situação, em outras palavras, pura influência capitalista.
Aos olhos atentos daqueles que observam o mundo em seus aspectos gerais, isso representa um perigo à uma humanidade. Por sua vez, os grandes capitalistas mercenários acreditam que é apenas mais uma oportunidade a ser explorada.
Ao mesmo tempo em que as pessoas pensam em medidas pra contornar a essa situação, se vêem presas a elas seja dependendo disso pra sobreviver, como sendo uma forma de distração. Tecnologia/Capitalismo 'evoluiram' de forma tão intensa que está sendo capaz de destruir anos de evolução.
Que paradoxo! Por um lado é útil, por outro maléfico.
Ser ou não, eis a questão. Já dizia o sábio, ou seja lá quem for.

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